"Há o espírito do tempo, da hora que nos calhou, só se nasce uma vez? há o signo que nos coube. Introduz-se nos interstícios de todo o nosso ser, é o espírito do tempo. No que pensamos, amamos, odiamos. E no nosso modo de andar, de vestir, de estar à mesa. E de fazer amor. E no tamanho dos gestos, na altura da voz. No formato do corpo até onde puder ser. Nos problemas que nos pomos e na antecipada solução deles, que é por onde um problema começa. Ou na não solução deles quando escolhemos problemas para a não terem. E nos móveis da casa e no sítio deles e na casa e no sítio da casa. É o espírito que nos atravessa todos mas que enquanto nos atravessa nós estamos fabricando ou já temos fabricado - é curioso. Vou pensar na questão?"
Vergílio Ferreira