Já estava destreinado.
Já me tinha esquecido de como as neuroses vêm todas ao de cima, borbulhando à medida que aparecem na forma de palavras irreflectidas e, na maior parte das vezes, gritadas.
Erros meus, má fortuna, and so on, and so on.
Passaram-se demasiados anos. Demasiados anos em que assisti a tudo do lado de fora, regozijando-me no meu próprio sentimento de remorso, por mais uma vez ficar em terra. Não que isso impedisse a onda de destruição de prosseguir o seu caminho. Simplesmente, eu não estava em frente a ela, desamparado e sem salva-vidas, como acontecia dantes.
Mas agora. Agora tudo voltou e foi como se o tempo não tivesse passado. Nem presente, nem futuro. A ampulheta ficou no mesmo ponto em que se encontrava, e eu estou a pagar por todos os grãos de areia que me passaram ao lado.
É nestas alturas, no olho do furacão, que anseio pela chegada da madrugada. Porque sei que nessa altura a tempestade vai desaparecer, tão depressa como chegou. E passados cinco minutos, ninguém se vai lembrar das palavras que berrou, das injúrias que cometeu, dos destroços emocionais que deixou para trás. Não, tudo não passará de mais um episódio da sempre eterna saga que percorremos juntos.
Pelo menos, até à próxima viagem. Nessa altura, será tempo de andar outra vez no carrossel dos loucos e ver por quantos segundos conseguimos lá ficar. A viajar nos azuis.
2 comentários:
Um bocadinho surreal :)
GOSTEI :)
Neuroses?.... és uma caixinha de surpresas, rapaz...
Beijos
Um pouco exagerado, talvez...
Surreal nem pensar...
As neuroses são como as opiniões, cada um tem a sua... :)
Beijo.
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