segunda-feira, outubro 31, 2005

O 4º Segredo de Fátima

"Nunca estive convencido de que a guerra fosse o melhor sistema para conseguir converter em democrático um país e fazê-lo sair de uma ditadura mesmo que sanguinária", afirma Berlusconi, que tentou "várias vezes convencer o presidente norte-americano a não fazer a guerra".

(Directamente do site da SIC Online)

sábado, outubro 29, 2005

Lord Of War

"They say evil prevails when good men do nothing, but they should say evil prevails."

sexta-feira, outubro 28, 2005

Ondas Sonoras - II


Como se fosse feita de filigrana...

É a melhor maneira que encontro para descrever a música feita pelos Stereolab. Já há muitos anos que ouvia a música destes ingleses, desde o tempo em que a Rádio Marginal se dedicava às novas tendências do rock alternativo, mas nunca se tinha proporcionado a compra de um album. Foi preciso entrar numa loja de discos em Times Square para dar de caras com uma colectânea dos seus melhores momentos.

Guitarras quase angelicais, alguma electrónica, muitas orquestrações, um constante oscilar entre as letras em inglês e em francês, são os elementos químicos deste cocktail de emoções à flor da pele, que tanto invocam o Sol a queimar a nossa face, como o frio que nos invade num dia chuvoso.

Errar é humano, mentir é americano?

Parece que Portugal não tem o exclusivo no que toca a políticos desonestos e cobardes. Também na maior democracia do mundo há uns senhores que gostam de se armar em donos da verdade, mesmo quando mentem com todos os dentes que têm.

E nesta situação, estamos a falar de uma ninharia, quando comparada com o todo o manancial de "insólitos" (à falta de palavra menos ofensiva) que a Administração W. Bush nos tem proporcionado ao longo de quase 5 anos. Trata-se apenas de uma birra.

A novidade é que desta birra surgiu pela primeira vez um reconhecimento da desonestidade deste governo. Apesar de convenientemente ter aparecido um bode expiatório, ainda há a possibilidade de Karl Rove (acessor de Bush e, dizem as más-linguas, o verdadeiro presidente em conjunto com o V.P. Cheney) ser também condenado, e quem sabe se finalmente será o começo de uma maior isenção do sistema judicial americano (conferir sff os membro do Supremo Tribunal de Justiça).

Bem sei que devia estar mais atento à nossa própria realidade política, mas não nos podemos esquecer, para o bem e para o mal, que muito do futuro do planeta se joga na arena de Washington, donde ultimamente podemos aplicar aquele velho ditado de "nem bom vento, nem bom casamento"...

quinta-feira, outubro 27, 2005

Religião? Onde?

E se de repente o Irão tivesse mesmo armas nucleares? E se o presidente recém-eleito do Irão não fosse feito só de basófia barata para estudante impressionável ouvir e decidisse mesmo "riscar"Israel do mapa? Todos sabemos que o estado israelita não ia ficar de braços cruzados...

Depois de nos últimos tempos a situação em Caxemira ter recuado um pouco, parece que temos novo foco de conflito que nos faz reviver a Guerra Fria entre os E.U.A. e a antiga U.R.S.S. Apesar dessa Guerra Fria ter terminado quando começava a ter uma consciência mais formada e de estar "fisicamente" distante da preocupação que nessa altura assolava os habitantes das duas super-potências, é possível ainda nos dias de hoje receber os ecos desses tempos. Seja em algum filme oriundo da década de 80, ou nalgum documentário do canal História, ou mesmo na recorrente ameça do nosso amigo George W. Bush em reactivar o programa "Guerra das Estrelas".

Á medida que se assiste a esta (por enquanto) troca de palavras entre o Irão e Israel, com a UE à mistura na figura de Tony Blair, apenas posso esperar que os rumores de armas nucleares não passem disso mesmo, um rumor. E é claro que a questão do petróleo volta também à baila. Ainda se recordam que o Irão também fazia parte do eixo do mal proclamado pelo George W.? Quase dá vontade de desejar que também houvesse petróleo na Coreia do Norte, talvez assim houvesse uma nova invasão "para salvar o povo oprimido", e talvez acabassem as contínuas mortes de pessoas devido à fome...

Mamarracho...

Cacém, Outubro de 2005

O Meu Candidato

quarta-feira, outubro 26, 2005

Melancolia de meio da semana

Começa a chegar o frio. À sombra da Serra de Sintra, começam a soprar os primeiros ventos verdadeiramente cortantes. Apertam-se os casacos, começa-se a pensar se não será melhor trazer as luvas e o cachecol, “e aquelas nuvens escuras também não devem trazer nada de bom”.

Acabaram os dias de calor e Sol, o céu e a terra vão ficando mais “escuros” e sombrios. Toda a natureza se vai “abotoando” da melhor forma que pode. As árvores começam a ficar despidas das suas folhas, o verde vai-se convertendo em castanho, o ciclo começa-se a fechar.

A noite chega mais depressa, a luz vai-se embora mais cedo. O Sol leva consigo o meu sorriso, fico mais sério com o frio. Fico com vontade de ficar mais tempo em casa, longe do frio, longe da chuva, longe de tudo. Mas ao mesmo tempo também sinto o meu interior aquecer-se com o frio. Afinal de contas, como é que se pode gostar tanto do Sol e do seu calor, se não conhecermos a envolvência do vento frio que sopra hoje lá fora?

terça-feira, outubro 25, 2005

A nossa consciência crítica

Acho engraçado (e nada óbvio) que o Luís Delgado concorde com a opinião de um liberal/socialista apenas quando a mesma vai de encontro às linhas "direitas" com que se cozem PSD e PP. Será que ainda devemos ter esperança de ver o sr. cronista a votar no dr. Mário Soares, quiçá no prof. Francisco Louçã? To be continued...

segunda-feira, outubro 24, 2005

Brancos Estúpidos...

Não resisto a transcrever uma passagem do livro de Michael Moore, Brancos Estúpidos (e outras desculpas esfarrapadas para o Estado da Nação), publicado em 2001, antes dos ataques do 11 de Setembro.

"Dia típico do «presidente» George W. Bush
08:00 - O presidente dos Estados Unidos (PEU) levanta-se e verifica se ainda está na Casa Branca.
08:30 - Pequeno-almoço na cama. Rumsfeld lê-lhe o horóscopo e a banda-desenhada.
09:00 - O «co-presidente» Cheney aparece para ajudar George a vestir-se, fala sobre a situação no Iémen, lembra a George que tem de lavar os dentes.
09:30 - O PEU chega à Sala Oval, saúda a secretária.
09:35 - O PEU deixa a Sala Oval para ir fazer exercício no ginásio da Casa Branca.
11:00 - Massagem e pedicura.
12:00 - Almoço com o comissário para o basebol, Bud Selig. Selig confirma que continua a não haver vagas.
13:00 - Sesta.
14:30 - Fotografia com a «equipa do dia» da Liga Infantil de Basebol.
15:00 - O PEU regressa à Sala Oval para discutir legislação com os membros do Congresso.
15:05 - Termina a reunião; o Congresso comunica à imprensa que «a reunião foi muito proveitosa. O presidente disse-nos para 'fazermos algumas leis' e estivemos a bater umas bolas com ele no relvado sul.»
15:10 - Cheney explica ao PEU a política energética, diz a Bush Júnior para enviar cartões de agradecimento aos presidentes das companhias petrolíferas.
15:12 - O PEU pede para ver o mapa do mundo; parece surpreendido com a forma como o mundo cresceu.
15:40 - O PEU memorizou as 191 capitais em menos de meia hora.
15:44 - Bush telefona ao primeiro-ministro da Roménia «porque me apetece»; desafia o primeiro-ministro da Roménia a dizer qual é a capital da Birmânia; o primeiro-ministro não compreende nada do que ele diz porque o PEU está a falar em espanhol.
15:58 - O PEU aceita uma chamada paga no destinatário da prisão de Austin. A filha está presa por ter estragado um retrato dele quando era governador, pendurado no edíficio do capitólio do estado. O PEU finge que a linha está má, imita a voz de uma mulher mexicana que entrou na chamada, depois desliga. É ouvido a dizer: «Quem sai aos seus não degenera.»
16:00 - Fim do dia de trabalho; o PEU retira-se para a zona habitacional para fazer uma breve sesta.
18:00 - Jantar oficial com chefes de Estado africanos. Diz a Cheney que «neste momento não consigo pensar em África, é o 'Continente Negro', sabes!» O PEU pede ao co-presidente para o substituir.
18:05 - O PEU vai nadar na piscina da Casa Branca.
19:00 - Telefona a Laura, no rancho do Texas («Só para dizer olá»).
19:02 - O PEU vai para a sala de vídeo da Casa Branca. Vê Dave, Presidente Por Um Dia (outra vez); adormece.
20:30 - Cheney acorda o PEU, leva-o para o quarto, mete-o na cama, dá-lhe as boas-noites. O co-PEU vai para baixo e continua a maquinar a destruição do planeta Terra."

Aceitam-se sugestões para adaptar esta realidade ao nosso futuro presidente da república, seja ele a "múmia" que for...

domingo, outubro 23, 2005

Um tipo diferente de café

Estive hoje no Pois Café, em Lisboa. Espaço muito agradável, despretencioso e onde não paramos de olhar para as paredes, as mesas, o tecto, de tão bonito que o local está organizado.

Desejo as maiores felicidades às proprietárias e obrigado pelo Brunch Vital que estava bem bom! Ah, e o sorriso que acompanhava o atendimento também é sempre bom, mantenham-no!

Lisbon By Day

Lisboa, Outubro de 2005

sexta-feira, outubro 21, 2005

Ondas Sonoras

Se há uma banda capaz de personificar o "remar contra a corrente" no difícil e por vezes pouco proveitoso panorama musical nacional, essa banda são os The Gift. Apesar de hoje em dia os seus discos já serem distribuídos por uma multinacional, eles continuam a ter o controlo criativo sobre tudo o que os rodeia, inclusivé a editora que por eles foi formada.
 
Só isto já seria de louvar, mas depois temos a música. E a música é de uma beleza inconfundível que nos envolve e nos deixa quase num transe electrónico. Seja com ambientes luminosos ou outros mais escuros, os Gift conseguem uma originalidade e sensibilidade pop que nos deixa a trautear as suas músicas muito depois de as ouvirmos. Não tenho dúvidas que daqui a uns anos também recordaremos com saudade músicas como "Ok, Do You Want Something Simple?", "Question Of Love", ou o mais recente "Driving You Slow".
 
Outra coisa que sobressai é a sua honestidade enquanto músicos. Ao olharmos para a música dos Gift tanto podemos ouvir ecos do passado (Depeche Mode) como sons do presente (Zero 7), mas os próprios Gift resolvem essas dúvidas. Na música "1977", do último album "AM-FM", levam-nos numa viagem no tempo, onde nos vão revelando as suas influências e, ao mesmo, prestam-lhes tributo (Smiths, Radiohead, etc). Boas companhias, é verdade, e cujo toque de génio parece contagiar a música dos Gift, especialmente no último album, uma verdadeira jóia que não tem largado a minha aparelhagem.
 
Como eles próprios nos dizem, "I'm doing it for music, I'm doing it for love..."
 

A minha estante também é assim...

(Directamente do site do Público)

quinta-feira, outubro 20, 2005

O peido-mestre...

... ou o regresso do D. Sebastião, para salvar o Império?

Por mim desejo claramente que se verifique a primeira hipótese. Ao assistir à candidatura oficial do Prof. Cavaco Silva, parece que voltei atrás no tempo e estou a ver o fantasma do Natal passado. Há uma diferença, no entanto, que passa pelo marketing político, o homem está tão polido que até brilha. Parecia que se estava a conter para não dizer exactamente o que lhe ia na alma.

Apesar da grande reviravolta económica positiva que o Prof. conseguiu na sua altura, é dificíl não esquecer a prepotência com que ao mesmo tempo encarou todas as questões sociais que se lhe apresentaram. Hoje voltei a assistir a estas contradições: ao mesmo tempo que diz que o país se "desleixou" no plano económico nos últimos 5 anos, então porquê o seu afastamento e só agora o avanço? Claramente não deve ter nada a ver com a maioria absoluta do PS... Sim, porque o sr. Prof. é muito independente.

Por muito que me irrite, será que tenho mesmo de votar no Dr. Mário Soares de modo a que o título deste post se comprove?

Em honra do senhor que se segue...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Lisbon By Night

Lisboa, Outubro de 2005

Zed's dead, baby. Zed's dead.

A propósito do livro "Best Movies Of The 90's", comemorativo dos 25 anos da Taschen.
 
Faz agora 11 anos que o filme Pulp Fiction foi lançado, o filme que consolidaria Quentin Tarantino como um dos realizadores mais inovadores do cinema americano. Bom, inovador no sentido de ir contra todas as convenções vigentes em Hollywood, uma vez que em termos de conteúdo o filme passa em revista toda uma série de clichés/paródias/re-usos da cultura pop, começando pelo título do filme que faz referência a um tipo de novela barata publicado nas primeiras décadas do século XX.
 
Na altura foi uma verdadeira pedrada no charco, mais pela estrutura (ou aparente falta dela) narrativa escolhida por Tarantino, do que pela violência de algumas imagens (que viria ser parodiada pelo mesmo Tarantino em Kill Bill). E os diálogos... Quem consegue esquecer o fabuloso diálogo entre John Travolta e Samuel L. Jackson sobre o "Le Big Mac"? Ou a explicação de Christopher Walken sobre o relógio do pai de Bruce Willis?
 
Um dos filmes da minha vida, sem dúvida.

Recordações de Nova Iorque

(Apontamento escrito após uma viagem a Nova Iorque, em Abril de 2005)

Nova Iorque é grande. Mas mesmo GRANDE....

O primeiro impacto quando se chega a Manhattan é olhar para o céu. Quer dizer, não será bem para o céu, é mais para os arranha-céus enormes que nos rodeiam. Lembro-me que no primeiro dia havia algum nevoeiro, o que fazia com que o topo de alguns dos edifícios ficasse acima das nuvens... Para quem está habituado à relativa baixa altura dos prédios em Lisboa, há de facto um grande diferença, e embora a certa altura possa parecer que todos os prédios nova-iorquinos são todos iguais, não deixa de ser impressionante.

Falando em altura, devo dizer que um dos meus sonhos era estar no cimo do Empire State Building, algo que consegui depois de passar por filas monstruosas de turistas que deviam ter o mesmo sonho que eu. Calculo que depois do 11 de Setembro o Empire State seja o edifício mais alto de Nova Iorque, pois é impossível andar pelas avenidas sem dar de caras com o raio do prédio, sempre à espreita, quase que a pedir para lhe tirarem mais e mais e mais fotografias (assim se explica como rapidamente se tiram umas 100 ou 200 fotos...). Subimos a uma altura de 86 andares (não sei quantos metros isso dá, só sei que é muito...), e depois de nos habituarmos aos fortes ventos que parecem querer-nos lá em baixo, onde é o nosso lugar, é de tirar a respiração, sentimo-nos de facto no topo do mundo (que me perdoem as pessoas que já foram até ao Evereste e afins...).

Falando em 11 de Setembro, também estivemos no Ground Zero, e é uma sensação estranha estar num sítio onde milhares de pessoas morreram e num espaço que parece ao mesmo tempo tão vasto e tão pequeno. A cidade ainda vive afectada por este momento trágico da nossa história recente, e não são poucos os restaurantes, museus, lojas de souvenirs, e outros que tais, com algum tipo de “artefacto” que recorda essa fatídica data. Para um português é estranho mas compreende-se a genuína dor que estas pessoas sentem. Como alguém dizia no outro dia, a grande maioria das pessoas tinha família, amigos ou amigos de amigos, que ficaram no meio dos escombros do World Trade Center. E, apesar de tudo, estes sentimentos de dor representados pelos tais “artefactos”, sempre são melhores do que o sentimento ultra-nacionalista que atravessa a cidade. Basta olhar para o sinal mais óbvio, as bandeiras. Bandeiras, bandeiras e mais bandeiras. Sejam meia dúzia delas a decorar a fachada de um MacDonald’s, ou uma só enorme a tapar a fachada da Bolsa de Nova Iorque, em Wall Street, elas estão em todo o lado. Se a mim já me parece esquisito em Portugal ainda haverem bandeiras nas janelas da altura do Euro 2004, podem imaginar como me senti ao andar pelas ruas da Grande Maçã...

A cidade não esqueceu o 11 de Setembro, como é normal, e a prova disso é o enorme dispositivo de segurança que encontramos em muitos dos “landmarks”. Locais onde me recordo que tenhamos passado por detectores de metais: Museu de História Natural, Museu Guggenheim, Empire State Building, Ferry para a Estátua da Liberdade, Nações Unidas, e sei lá mais o quê. Como dizia um dos meus colegas de viagem, “se as nossas mochilas fossem sensíveis aos raios X, já estavam cheias de tumores”. A ver se consigo que percebam a minha opinião sobre esta “paranóia”: compreendo em absoluto o porquê de tudo isto e não me chateia minimamente ter sido quase revistado em todos estes sítios (lembro-me de uma outra ocasião em que tive de tirar o cinto e também me recordo de ver algumas pessoas a tirar os sapatos, tal como o tivemos que fazer no aeroporto de Newark). O que realmente me deixou chateado é a forma como as autoridades americanas põem na prática estes sistemas de segurança. Vou apenas pegar no exemplo que é o corolário do que acabei de escrever, que foi a viagem de ferry até à ilha onde se encontra a Estátua da Liberdade. Logo no local onde estamos a comprar os bilhetes, vemos enormes placas a informar os turistas que não podem levar mochilas para o ferry (algo que acaba por não acontecer) e que não podemos levar a bordo canivetes, isqueiros, armas brancas, bombas, “pepper sprays”.... Espera lá, “bombas”??? Será que esta gente acredita mesmo que, se eu levasse uma bomba para a estátua, ia declará-la antes de embarcar? (a propósito, isto cai dentro da categoria de perguntas que é preciso responder antes de entrar no país, do género “é um terrorista?”, ou “esteve em contacto com gado recentemente?”, ou mesmo “caso tenha nascido antes de 1900 e troca o passo, esteve envolvido em actividades nazis durante a II Guerra Mundial?”). Em seguida vamos para a fila, mas ainda não é a fila para entrar no barco, mas sim a fila enorme para entrar numa tenda onde iremos ser revistados. E que melhor impressão logo à partida do que ter 2 jovens com aparência de terem acabado de vir do Bronx a cortarem os bilhetes antes de entrarmos na tenda? É de facto a melhor forma de dar alguma credibilidade à preocupação com a segurança (estava a ser irónico, caso não tenham percebido). Depois entramos numa tenda que poderia perfeitamente ser de circo, tendo em atenção a atitude dos agentes da autoridade/seguranças que lá se encontram. A antipatia é geral, os berros dados aos turistas (estrangeiros ou americanos, é indiferente) também, e a falta de respeito é de bradar aos céus. Bem sei que Portugal nestas coisas ainda não é grande exemplo a seguir, mas estes jovens abusam. Nunca me tinha sentido tanto como um animal no caminho para o matadouro (tentei inclusive fazer alguns ruídos animalescos para ver se eles percebiam... sem efeito). Ok, pensar-se-ia que aquela gente está ali para cumprir normas de segurança e não para ser simpática, é um ponto de vista perfeitamente defensável (Então experimentem ir à visita guiada das Nações Unidas, onde também passam por detectores de metais, mas os seguranças mostram empatia com os turistas e mostram que de facto é um inconveniente ter que passar por aquelas coisas... será que é porque nas Nações Unidas estamos a pisar terreno não americano?). Mas então que dizer da quantidade de gente que iam deixando entrar no ferry? Eu que estava numa das “varandas” só via gente e mais gente a entrar e só me perguntava se estavam à espera que o barco afundasse para dizerem que já estava cheio. Isto para não falar na quantidade de crianças que se iam debruçando nas amuradas, que não tinham protecção, a ver se conseguiam cair no rio. Mais tarde, já na ilha, iríamos ver um destes barcos a chegar, e mais pareceria uma imagem de um país de terceiro mundo, onde uma multidão de refugiados tentava fugir de uma qualquer guerra... Estranho conceito de segurança tem o departamento de Homeland Security dos Estados Unidos...

Ainda no assunto da simpatia (ou falta dela), tenho uma outra opinião que gostaria de partilhar convosco. Não sei em que empresa vocês trabalham, mas na minha e em muitas de amigos meus, semestre sim semestre não, vejo-me perante mais uma acção de formação de atendimento ao cliente, ou técnicas motivacionais, ou comportamento do consumidor, e o que acontece normalmente é que estas técnicas de atendimento são provenientes dos States. De modo que começamos a imaginar que o atendimento lá seja de 5 estrelas. Bom, o que me aconteceu a mim e às pessoas com quem viajei foi que o atendimento tomou 2 caminhos possíveis: por um lado, um atendimento super-eficiente nalgumas lojas, mas quase aos berros com os clientes, e, por outro lado um atendimento antipático, indiferente, do género “odeio o meu trabalho, por isso não tenho que te tratar bem enquanto cliente”. Verdade seja dita que, ao contrário de Barcelona, não fui atendido por alguém que estava a fumar atrás do balcão, mas mesmo dentro dessa escala as coisas não foram muito boas. Excepções há sempre, mas se vos disser que os sítios onde fomos bem atendidos foram um “diner” propriedade de gregos (que até se meteram connosco por causa do Euro, mas sempre de uma forma afável) e um restaurante italiano onde o jovem que estava a atender eram um bonacheirão tipicamente latino, acho que começamos a ver um padrão, certo?

Bom, não comecem a pensar que tudo isto faz com que uma visita à Grande Maçã não valha a pena. Não, não se trata disso, apenas há que partir de Portugal com uma razoável dose de paciência. Porque de facto há coisas bem bonitas em Nova Iorque. O Museu de História Natural, por exemplo, onde uma pessoa passa horas e horas extasiado no meio de esqueletos de dinossauro, culturas de todo o mundo, ou frente a frente com uma reprodução em tamanho original de uma baleia azul. Lindo, lindo, lindo... E as horas passam a correr... Se vos disser que entrámos por volta das 10 e meia, e saímos já a passar da 2 da tarde, não andarei muito longe da verdade. Também o Museu de Arte Moderna (MoMA, para os amigos) me deixou de boca aberta. No mesmo espaço temos exposições a puxar para o pós-pós-moderno (para quem tem mais abertura de espírito), exposições de volta do design dos nossos dias, e pinturas originais de “monstros” com Andy Warhol, Pablo Picasso, Diego Rivera, Salvador Dali ou Van Gogh, só para mencionar alguns. Acho que todos nós “levámos” connosco alguma coisa que nos agradou no MoMA.

E que dizer do Central Park? Mesmo no centro de Nova Iorque têm um sítio onde podemos fazer um jogging todos os dias (e simultaneamente “atropelar” os idiotas dos turistas que estão parados no meio do caminho a tirar fotos... comigo, por acaso, foram mais os dois ciclistas que tentaram passar-me por cima na Ponte de Brooklyn) passear os nossos cães (sim, porque nova-iorquino que se preze tem no mínimos uns 3 cães, todos de tamanhos diferentes), fazer um slalom com o nosso bebé dentro de um carrinho todo aerodinâmico, ou mesmo fazer uma partidinha amigável de basebol (juro que estivemos uns bons três quartos de hora a olhar para aquilo e mesmo assim não percebemos nada daquilo... nós é mesmo o pontapé na chincha e mais nada...). Mas o Central Park é mesmo imponente, e imagino que no Outono ou no Inverno seja ainda mais belo. E afinal de contas, não é em todos os parques que podemos “comprar” um banco de jardim e dedicá-lo à memória do nosso ente mais querido, com direito a plaquinha e tudo... Esta gente é mesmo esquisita...

Como portugueses que somos, o nosso lado gastronómico não podia ficar esquecido. Quando penso numa palavra para descrever a comida em Nova Iorque, só me consigo lembrar de duas: ataque cardíaco. Pois é, se nós cá já somos aquilo que tão bem conhecemos, os americanos decidiram fazer o mesmo mas em ponto grande, pois claro! Eu achei esquisito que, quando chegámos ao aeroporto de Newark, no caminho desde a chegada até ao recolher da bagagem, tenha visto nas paredes uns 10 desfibrilhadores (sabem aquelas máquinas que dão choques no nosso coração para que o mesmo volte a bater?), tal como se fossem extintores. Mas assim que comecei a fazer refeições, comecei a compreender... Desde hambúrgueres (como não podia deixar de ser...), até ovos mexidos com bacon ao pequeno-almoço, passando por sobremesas enormes em restaurantes mexicanos, até um pequeno-almoço esquisito no MacDonald’s chamado McGriddles, que não era mais que uma fatia de bacon super-salgado com ovo no meio de duas fatias de pão doce, até chegarmos ao famoso Hot-Dog, que, a meu entender, exige anos e anos de prática no seu manuseamento, pois assim que dei a primeira dentada, metade dos molhos foi parar ao chão...Pelo meio tive direito a provar o verdadeiro “fortune-cookie” chinês, com a minha sina lá pelo meio, bebi uma verdadeira limonada vietnamita (que eu gostei mas que houve outros que acharam que não era seguro estar a beber aquilo), e ainda deu tempo para recordar um prato dos meus tempos de Coreia... O ponto alto, para mim, foi um spaghetti à carbonara que comi num restaurante italiano em Little Italy, que me soube a comida angelical. Foi também neste restaurante que provei o único café de jeito em toda a cidade. Sim, porque aqui é o reino dos Starbucks, deve haver centenas e centenas destes cafés espalhados pela cidade. Nós até estranhávamos quando ficávamos 5 minutos sem ver um, mas nessa altura de certeza que apareciam uma dezena de nova-iorquinos com copos daquela mistela à nossa frente. Houve até quem tivesse pago uns bons dois dólares e meio por uma aguinha suja, isto depois de quase interrogarmos o empregado se era mesmo um “expresso”.

Por todas estas coisas, a viagem até Nova Iorque vai ficar guardada num local muito especial e, mais não seja, terei sempre as centenas de fotos que tirei para recordar os bons momentos lá passados. Deixo-vos algumas das frases-chave desta viagem que me trazem neste momento um sorriso ao rosto...

“Are you a terrorist?”
“A minha máquina fotográfica não está boa...”
“What’s you number, SIR?”
“Do you know the dangers of lead poisoning?”
“Cuidado Lolita!”
“Olha, umas baratinhas!!”
“Isso já tem a gorjeta incluída?”
“Sounds good...”

“Start spreading the news
I’m leaving today
I wanna be a part of it
New York, New York…”

Uma bica e o livro de reclamações, se faz favor!




A partir do dia 1 de Janeiro de 2006, e excluíndo algumas empresas da Administração Pública, todas as entidades relacionadas com a área de serviços terão obrigatoriamente de ter um Livro de Reclamações. Até agora, o mesmo apenas existia com maior frequência na indústria de hotelaria e restauração, sendo que em outras àreas havia mecanismos que se lhe equiparavam, como folhetos de reclamação, linhas verdes de atendimento, plataformas informáticas de recepção de reclamações, etc. Agora, seja um supermercado, seja uma creche, seja uma casa de massagens, seja uma farmácia ou uma loja de tatuagens, todas vão passar a ter um Livro de Reclamações.

O que seguramente coloca algumas dúvidas.

Será que o número de reclamações vai aumentar, manter ou diminuir? O facto de haver o livro vai levar os clientes a reclamarem por tudo e por nada, ou vai elevar o seu sentido do que é importante e limitarem-se a ser cidadãos responsáveis e preocupados com um bom serviço?

Será que mais uma vez vamos ver uma reciclagem total da forma como as empresas encaram o Atendimento, e aplicarem mais uns valentes euros na nova tendência que venha lá de fora? Será que as pessoas que realmente têm que fazer atendimento no terreno vão estar motivadas o suficiente para renovar os seus conhecimentos e ter que ouvir, em alguns casos, as mesmas filosofias de há dois anos atrás, mas em apresentações de powerpoint diferentes? Ou,por outro lado, irá haver uma maior desresponsabilização das empresas, dando livre arbítrio para que as pessoas decidam a forma como entendem o Atendimento?

Será que as entidades responsáveis por receber, investigar e fiscalizar as queixas provenientes dos livros de reclamação vão ter os meios necessários para fazerem o seu trabalho de uma forma imparcial e justa? Haverá um planeamento central ou cada entidade agirá a seu belo-prazer? Que critérios irão vigorar? Uma queixa de uma mercearia de esquina será tão importante como uma queixa proveniente de um grande hipermercado, ou será que ambas terão menos importância que uma queixa efectuada numa farmácia?

Da minha parte, que lido com estas questões quase todos os dias, acredito que irá prevalecer aquilo que já acontece hoje em dia, ou seja a racionalidade/razoabilidade de quem apresenta a reclamação e de quem atende essa mesma reclamação. Se a lógica de que o cliente tem sempre razão já não é defensável a 100%, as empresas de serviços também têm de compreender que se não agirem de uma forma clara e objectiva, correm o risco de perder clientes e, como tal, vendas.

terça-feira, outubro 18, 2005

O Génio

Barcelona, Outubro de 2003

The less special one...


E será que mandar o homem embora vai resolver todos os problemas que rodeiam o Sporting? Será que a mudança não deveria ter começado por cima (dirigentes) ou mesmo pela mentalidade que está na base da pirâmide (jogadores)? O tempo o dirá.

Há uma década atrás...

A propósito do filme "Alice", onde se vislumbra um pouquinho do Cacém e muitas imagens da linha férrea de Sintra, comecei a pensar nas transformações que o Cacém sofreu.

Para além das óbvias mudanças infraestruturais, com o desaparecimento de locais como o antigo mercado ou mesmo a minha escola primária (agora um parque de estacionamento, que de vez em quando serve de local de festas da freguesia) e o aparecimento de tudo o que esteja associado ao Pólis, há também mudanças a nível social.

Ainda me lembro de Verões onde as famílias saíam à rua e havia gente no jardim da avenida até às tantas, uns a jogar à bola, outros a namorar, outros simplesmente a conversar e aproveitar o calor. Mesmo nessa altura, achava um bocado estranho esse tipo de coisas no seio de um subúrbio como o Cacém, até porque era o tipo de comportamento que assisti desde muito cedo na terra dos meus pais, em pleno Peso da Régua. Talvez que o facto de haver muita gente a morar no Cacém proveniente desse meio rural explicasse essa situação e esse sentimento de vir para a rua confratenizar. Outro bom exemplo, que agora não acontece, era o relacionamento com os meus vizinhos, pois conhecia-os a todos e cheguei a ter boas relações de amizade. Em cada rua conseguia quase "regressar-se" a um estado de aldeia, onde todos se conheciam e compartilhavam o seu dia-a-dia.

Isto era há uma década (ou mais) atrás...

Hoje o Cacém está a viver uma 2ª geração, maioritariamente composta por casais jovens, alguns com filhos. O sentimento de insegurança parece-me ser maior, apesar de antes o tráfico de droga se fazer em pleno dia e ser uma constante. No entanto a insegurança de hoje passa mais pela pequena criminalidade e uma sensação de intimidação por parte de alguns grupos sociais (e não raciais,entenda-se). As crianças hoje também passam menos tempo na rua, pois há sempre algum ATL, ou creche, ou infantário, ou seja, as estruturas adaptaram-se aos pais que passam o dia inteiro no trabalho e não têm nenhum familiar que possa ficar com os filhos durante o período pós-aulas. A televisão, os DVDs, os jogos de consola, alguma preguiça dos pais, algum super-proteccionismo dos filhos, também poderão explicar por que é que mesmo ao fim-de-semana o Cacém já não tem tantas pessoas nas ruas.

In the end, tudo se resume à diferença entre a geração dos nossos pais e a nossa, que parece por um lado ter uma memória muito curta, e por outro tem que enfrentar uma sociedade muito diferente da de há 20 anos atrás. Será que se pode mesmo criticar esta atitude?

segunda-feira, outubro 17, 2005

Serviço de utilidade pública


Filme a ver...



"Green Street Hooligans".

Quando a vida nos exclui de tudo e sentimos que já não temos ninguém no mundo, será que o sentimento de tentar pertencer a algo é tão forte que perdemos todo e qualquer resquício de racionalidade e caímos na asneira de fazer coisas que nunca nos passaria pela cabeça?
O filme analisa por dentro o mundo das claques inglesas de hooligans, expondo toda a violência a elas associada, mas ao mesmo tempo ilustrando também o fenómeno das estranhas amizades que se criam dentro destes grupos, não correndo, nas palavras da realizadora, o perigo de glorificar este estilo de vida e não o tornar "apetecível".
Há também a curiosidade de ver como é que Frodo (Elijah Wood) e uma das promessas do cinema britânico (Charlie Hunnam, actor na série Queer As Folk, versão inglesa) se transformam em hooligans desvairados...

Ainda sem data de estreia prevista para o nosso país.

Nenhum Olhar

"Penso: talvez haja uma luz dentro dos homens, talvez uma claridade, talvez os homens não sejam feitos de escuridão, talvez as certezas sejam uma aragem dentro dos homens e talvez os homens sejam as certezas que possuem."

Do fundo do poço


Quinta da Regaleira, Agosto de 2005