quinta-feira, outubro 28, 2010

À noite


Há músicas, letras e notas musicais que me servem de porto seguro quando preciso de me agarrar à beira do abismo. Mas também há aquelas pessoas que nos deixam canções que nos aconchegam o coração e nos libertam a alma para outros voos. Esta senhora é, muito provavelmente, a melhor manifestação da segunda via. E uma excelente companhia para noites escuras, silenciosas e longas...

sábado, outubro 23, 2010

quinta-feira, outubro 21, 2010

34

As prendas serão inesquecíveis.
As palavras foram directamente para o coração.
Os sorrisos valem todos os euromilhões do mundo.
Os abraços foram apertados como sempre devem ser.

Mas espero que todos e todas me perdoem quando eu disser que a melhor prenda que tive hoje foi um telefonema que me fez chorar de felicidade. Sentir que palavras como esperança e acreditar até ao fim nunca mais serão as mesmas depois de ouvir a voz de alguém em quem os meus pensamentos têm tantas vezes recaído nas últimas semanas. Ainda agora, enquanto volto a pensar no telefonema e na voz linda que ouvi do outro lado, ainda agora sinto os olhos ficarem molhados de lágrimas que me deixam de alma renovada, que me mostram uma vez mais que a nossa felicidade acabará sempre por vir de dentro de nós e das pessoas que nos preenchem os vários recantos do nosso coração. E como sou feliz hoje depois de te voltar a ouvir, minha querida. Agora apenas quero estar contigo, abraçar-te, beijar-te e sentir que sempre estiveste aqui e que sempre estarás...

Obrigado. Dias de aniversário assim quero tê-los para sempre...

Olha, passou mais um ano...


Continuas a correr, sabe-se lá para onde. Mas gosto da maneira como continuas a sorrir enquanto tentas descobrir novos sítios, novas pessoas, novas coisas que povoem a tua vida e que te deixem sempre com boas memórias. Mas gosto ainda mais da maneira como ontem disseste que o passado é passado, viva o presente, e venha o futuro. É daquelas ideias inspiradas pela luz a iluminar-te logo pela manhã.

Parabéns, puto!


segunda-feira, outubro 11, 2010

Pobre diabo

Demorou um bocado a aperceber-se. Na verdade, foi mais do que um bocado. Na verdade, demorou alguns anos a ver o estado em que estava. Talvez fosse porque já quase nem se lembrava de algum dia ter escrito aquelas palavras. Não fosse guardar todos os livros onde alguma vez tinha aparecido o seu nome ou os seus escritos e provavelmente teria continuado a viver sem nunca se aperceber da sua triste condição. Mas, pronto, tinha pegado naquele livro antigo, com muitos contos de vários autores, no qual também ele aparecia com meia dúzia de páginas escritas quase de um fôlego num dia particularmente chuvoso com uma lâmpada que apenas iluminava o ponto onde a caneta se encontrava com o papel. E assim que começou a ler as suas próprias palavras, ou melhor assim que começou a recordá-las, um olhar estranho apoderou-se de si e de tudo aquilo que o rodeava e que os seus olhos alcançavam. O cigarro aceso que segurava entre os dedos da mão direita. O televisor mudo que o fitava do outro lado do quarto. Os papéis espalhados desgovernadamente por todas as duas camas do quarto. O brilho de faróis indo e vindo do outro lado dos vidros da janela. Tudo isto era incrivelmente estranho. Tudo isto era incrivelmente familiar. Mas mesmo assim, ele não queria, não pensava, apenas desejava que tudo não passasse de uma desagradável coincidência, desejava que tudo não passasse daqueles síndromes de idiotice generalizada estilo sexta-feira treze ou dez do dez do dez. E agarrando a cabeça com as duas mãos, o escritor dizia que não, não era possível, nada daquilo fazia qualquer tipo de sentido, tinha finalmente perdido todo e qualquer pedaço de juízo que alguma vez tivesse tido sob aquele crânio. Levanta-se, anda de lado para o outro no quarto, acende outro cigarro, vai à janela, abre-a, torna a fechá-la, apaga a luz, fecha os olhos enquanto inspira mais uma vez a nicotina, volta a abri-los, volta a andar de um lado para o outro, sente-se enlouquecer lentamente. Até ao momento em que passa pelo espelho. Pelo canto do olho, vê um vulto a passar pelo espelho. Volta atrás e coloca-se de frente para o mesmo. E é nesse preciso momento que se apercebe do seu fado, destino, o que lhe queiram chamar. É nesse preciso instante que vê os seus cabelos brancos, as suas rugas, os seus olhos inundados de raios de sangue de incontáveis insónias, as manchas que começam a percorrer os seus braços, as pregas do pescoço, a barba rala e áspera como lixa. E assim, num segundo, ele sabe que é mesmo verdade. Não o sonhou, não o imaginou, mas é mesmo verdade. Apaga o último cigarro e pega no livro esquecido de contos. Volta a passar as páginas, uma a uma, volta a ler as palavras que escreveu há tantos e tantos anos, volta a lê-las, uma a uma. E enquanto sente toda as suas forças a fugirem-lhe do corpo, todo o seu ser a transformar-se em cinzas de uma vida esgotada, enquanto tudo isso acontece, ele sabe que é mesmo verdade. Que tudo não passou de uma ficção. Que na realidade nada aconteceu, nada se passou. Que, no fundo, apenas viveu a vida de outrém. Que, ao virar a última página, a sua vida não foi mais do que aquela que imaginou para uma das suas desgraçadas personagens numa das suas míseras estórias.





segunda-feira, outubro 04, 2010

estrada fora



os quilometros já são mais que muitos, sempre com o sol de frente, mas não mudava nada, quero continuar sempre em frente, seja a 50 ou a 150, enquanto houver estrada pra andar, a gente vai continuar, já o bardo ébrio canta ao piano há muitos anos, e nunca ele esteve tão certo...