"Se eu acreditasse que o Estado algum dia iria assumir o seu papel social de apoio às mulheres e famílias sem recursos; se eu acreditasse que as associações de "defesa da vida" (que aparecem quando se anunciam debates e desaparecem no dia a seguir aos referendos) iam cumprir o que prometem sobre solidariedade e promoção de uma "cultura de responsabilidade e de respeito pelo valor da vida"; se eu acreditasse que, fora do período de propaganda eleitoral, alguém neste país trabalhasse "na criação de condições para que todas as mulheres que engravidam possam ter verdadeiras alternativas de vida e não façam escolhas de morte", como leio num desses manifestos; se eu acreditasse que as 25 a 30 mil interrupções de gravidez ilegais que se fazem anualmente em Portugal deixassem de existir por via da educação sexual, do presumível apoio do Estado, e da conversa moralista das tais associações criadas por encomenda; se eu acreditasse, enfim, na bondade intrínseca das instituições, e no cumprimento dos deveres mínimos do Estado; se eu..."
(Artigo completo no Diário de Notícias)
Alinho as minhas palavras pelas de Pedro Rolo Duarte. Porque estou farto de hipocrisia e de viver num país onde o chamado "atraso" não acontece só nos níveis económicos mas principalmente nas mentes de pessoas que se julgam melhores que as outras. E já é tempo de deixarmos de viver no século passado e passarmos a pensar pelas nossas próprias cabeças e não condenarmos pessoas que são tudo menos criminosas. Basta!
10 comentários:
Hoje não. Hoje não quero falar destas coisas. Pelo menos, por um dia, quero esquecer o que se passa lá fora, cá dentro.
Mas, há muita mente para ser alterada. Porque, isto assim, nem o pai morre, nem a gente almoça :D
Um beijo grande e um óptimo 2007, é o que te desejo
Beijokas grandes e que passes um dia em grande, com muita alegria.
Mas se queremos que este ano seja mesmo diferente, é preciso começar já a pensar nestas coisas e em tentar mover os grandes rochedos que se opõem à mudança com M grande. É por isso que quero que 2007 seja mesmo diferente, para melhor, para mim, para ti e para todos.
subscrevo inteiramente! basta de hipocrisia! o respeito à vida também se exerce no respeito pelos direitos das mulheres à sua própria consciência e à sua liberdade de escolha!
Bom ano p todos com mais solidariedade, consciência cívica e respeito
sonialx
São sem dúvida bons argumentos para votar "Sim". Mas...
"...se eu acreditasse que as 25 a 30 mil interrupções de gravidez ilegais que se fazem anualmente em Portugal deixassem de existir por via da educação sexual, do presumível apoio do Estado..."
Se ganhar o "Sim" como eu prevejo que ganhe, a educação sexual vai ter de assumir ainda mais importância neste país!! E aí o governo vai ter de apostar forte e a sério nesta área, porque senão a despenalização da IVG poderá vir ser apenas uma desresponsabilização do estado para resolver o problema das gravidezes indesejadas.
Terroristas :p
Como já alguém aqui disse, basta de hipocrisia, infelizmente o aborto é uma realidade, se existe que seja devidamente controlado. Sou mulher e sou mãe, pessoalmente penso que nunca teria coragem de fazer um aborto, porque penso não ter o direito de decidir sobre a vida de um ser que não pediu para ser feito. Votarei "Sim" porque o aborto será sempre uma questão de consciencia, se estiver legalizado evitará as atrocidades qe se cometem em clinicas privadas e afins. Sou pelo "Sim".
hoje já ouvi o argumento hilariante que a taxa de natalidade de Portugal é muito baixa e que, por isso, o seu autor votava sim...
Eu voto no Padeiro. Já por várias vezes insisti que independentemente do resultado destes referendo existe muito trabalho que parece ninguém estar interessado em fazer. E esse trabalho é uma questão cultural e de mudança de mentalidades, que obriga o estado a ter um papel nas escolas mas tb nas familias e na sáude, por forma a que o planeamento familiar sem complexos morais absurdos possa chegar a todos sejam eles que estrato social forem.
Subscrevo. Completamente.
(ando cá com uma neura!!!! tipo Tom Waits... se apanho uma dessas organizações pró-vida ou lá o que é...)
Beijo enorme, Nuno
Começo este comentário dizendo que adorei o artigo. Só acho que a opinião de cada um deve ser respeitada. Em vez de atacada. Sou um defensor do não e não chamo assassinos a quem é a favor da despenalização voluntária da gravidez. E claro está, estou farto de ser chamado de hipócrita. Afinal, ainda vivemos em democracia e onde há espação para todos terem direito à sua opinião, por mais diferente ou estranha nos possa parecer.
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