terça-feira, janeiro 09, 2007

"Ceia louca, louco mundo"

"Falemos de mesas, as mesas onde se come, conversa e desconversa, onde se ama e desama. Praticam-se jogos de azar, governa-se e desgoverna-se o tal mundo que enlouquece. Há murmúrios, trocas de olhos, por vezes gritos.
Dão-se murros nas mesas. Por baixo, às vezes carícias brejeiras e toques subtis. Ainda por baixo (sempre por baixo) há os que conflituam e apanham das mesas apenas migalhas e as rascas da assadura, já que, os que as fazem e enchem não têm lugar à mesa.
Criam o banquete que os expulsa. Há também os que escrevem na pedra e no papel e, até, quem na casca da árvore inscreva letras e corações.
Os da música – os da Brigada – escrevem no Vento. Transformam o riso e a lágrima, ternuras e clamores, a alegria e a tristeza em partes do Vento que nos acodem aos ouvidos e entram na alma. Revelam as justas e injustas coisas do mundo, apontando as linhas da água e do horizonte, e já que – disse-nos o nosso Herberto Hélder – “todas as coisas são mesa para o pensamento” aceitemos os recados que a música ao vento entrega."

Louzã Henriques
Candal, Novembro de 2005

1 comentário:

Sea disse...

espera... tenho de ler novamente, nã percebi :)

beijo