domingo, dezembro 28, 2008

Puxar frentes

Dia 26 de Dezembro.
É chegada a altura de arrumar a casa. Recolher os brinquedos que ficaram sentados na prateleira, abandonados por todas as mães e pais natais que não acharam que os mesmo se adequassem às suas crianças. Ficaram ali, expectantes, com a angústia de permanecerem ali até ao último minuto da possível compra de Natal. Neste dia pós-natalício, parecem envelhecidos, com o seu espírito quebrado por não terem alguém que brinque com eles. É impossível não sentir algum tipo de compaixão por estes brinquedos excluídos da sua primordial função. Eles sabem que não irão parar ao contentor do lixo nem nada que se pareça, mas não deixa de ser triste vê-los lentamente a passarem do palco principal de adoração para o corredor secundário da sua família de brinquedos ditos normais, aqueles que se conformaram à sua posição diária de prateleira secundária. Termina assim a loucura das crianças a correrem de um lado para o outro, dos pais a fazerem contas de cabeça, das filas intermináveis para embrulhar aquele que todos pensamos ser O brinquedo, aquele que vai tornar o Natal daquela criança o mais perfeito de sempre. Enquanto as iluminações de Natal se vão apagando, os brinquedos vão também eles entrando no seu período de escuridão, de anonimato dentro do grande universo do hipermercado. Até daqui a doze meses, quando as esperanças de cada um deles ser adquirido se irão mais uma vez renovar e toda a névoa que agora os parece cobrir se irá mais uma vez dissipar e torná-los mágicos aos olhos daqueles que sonham mais alto...

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