Ainda hoje não sei se foi realidade ou não. E sinto receio por haver essa dúvida.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Hoje vi-me frente a frente com a solidão. A solidão a jorrar dos olhos vazios de alguém que se sente perdida como poucas pessoas. Alguém que num ápice parece ter descido ao mais profundo inferno emocional que se possa imaginar. Alguém que se sente só, abandonada, desprezada, escorraçada de uma vida que julgava que iria durar para sempre. Alguém que precisa desesperadamente de algo ou alguém que preencha aquele buraco que surgiu no lugar onde o seu coração existia. Alguém que estendeu, por breves instantes, os braços na minha direcção, na esperança de que eu a pudesse compreender, ajudar, enfim, torná-la menos só. E eu o que fiz? Exceptuando algumas palavras de circunstância? Fugi. Virei-lhe as costas. Educadamente, é certo, mas deixei-a isolada no seu mundo destroçado. E porquê? Porque ao olhar aqueles olhos tristes, sem expressão e sem brilho, pareceu-me ver um espelho. Um espelho do que pode ser o meu futuro, se persistir em ser teimoso e não abdicar de mim próprio. Sim, é isso mesmo. Se não me abandonar à mercê das outras pessoas e me deixar levar pela marés que por vezes evito, é aquilo mesmo que me espera, nos olhos daquela pessoa a quem virei as costas naquele corredor. E não sei se estou preparado para enfrentá-la, a silenciosa solidão que nos cerca e nos estrangula lenta e terminalmente. Na verdade, apenas tive consciência do medo um par de horas mais tarde, quando a voltei de novo a ver, à deriva no jardim, alheada ao resto do mundo que pouca se importa com o destino dela. Não consegui fazer outra coisa que não fechar os olhos, imaginar que nada daquilo se tinha passado, que eu não tinha nada a ver com aquela pessoa, que a solidão nunca me irá atormentar daquela forma. Não, tudo não passou de um sonho amargo.
Ainda hoje não sei se foi realidade ou não. E sinto receio por haver essa dúvida.
Ainda hoje não sei se foi realidade ou não. E sinto receio por haver essa dúvida.
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3 comentários:
O estar perdido é um bem necessário para nos encontrar! E todos temos que nos confrontar com isso sozinhos!
Ser sonho ou ser realidade não interessa tanto porque pesa a mesma coisa!!
(o que é uma boa notícia, porque podemos encarar a realidade como um sonho, aliviando assim a carga emocional na vigília)
A cada qual a sua interpretação.
Beijos, R.
Um abraço, amigo.
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