terça-feira, dezembro 31, 2013

vi, ouvi e li

north by northwest, alfred hitchcock
killing them softly, andrew dominik
drive, nicolas winding refn
a turma, laurent cantet
alien, ridley scott
frankenweenie, tim burton
django unchained, quentin tarantino
the deer hunter, michael cimino
the great gatsby, baz luhrmann
the searchers, john ford
life of brian, terry jones
rush, ron howard

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fade, yo la tengo
push the sky away, nick cave & the bad seeds
drive original soundtrack
regions of light and sound of god, jim james
trouble will find you, the national
pale green ghosts, john grant
standards, lloyd cole
casulo, márcia
dream river, bill callahan
almost visible orchestra, noiserv
amália por júlio resende, júlio resende
as canções d'a naifa, a naifa

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a queda de um anjo, camilo castelo branco
fúria, salman rushdie
o caminho mais longo, ewan mcgregor e charley boorman
i'm your man - the life of leonard cohen, sylvie simmons
the art of travel, alain de botton
yoga for people who can't be bothered to do it, geoff dyer
granta portugal I - eu
1q84 - the complete trilogy, haruki murakami
caderno afegão, alexandra lucas coelho
onde os rios se separam, mark spragg
granta portugal II - poder
no meu peito não cabem pássaros, nuno camarneiro

 

quarta-feira, dezembro 25, 2013

Do Mal o Menos

"Se por algum desígnio voltar a esta terra amada gostava de ser uma árvore visitada por aves no verão, por onde se passeassem os esquilos, onde se escrevessem no tronco pequenos nomes humanos apaixonados. Uma árvore de uma floresta do norte onde no inverno cai a neve e há aquele silêncio que tudo guarda. E que depois fosse cortada por um lenhador, pai de uma família grande e saudável, e que parte de mim fosse logo queimada, o seu calor cozendo a comida de todos e que com a melhor madeira se fizesse uma mesa onde alguém um dia escrevesse uma carta a alguém que estivesse longe para lhe dizer que a amava."

Pedro Paixão


sábado, dezembro 14, 2013

Saudades da "minha" cidade

"Trezentas mil pessoas habitam Lisboa enquanto Fernando
dorme. Entre as oito da manhã e as oito da noite há três mil
cantos contemporâneos dentro das fronteiras da cidade. Um
canto por cada cem habitantes. A densidade melódica de Lis-
boa, uma das mais elevadas do hemisfério norte, é responsá-
vel por algumas das particularidades dos seus habitantes. Há
muita gente impreparada para tanta melodia, gente vulnerável
às emoções com que esbarra a cada instante. Não há protec-
ções eficazes contra emoções cantadas e há quem fuja, quem
enlouqueça e quem escreva poemas. Em Lisboa, entre as oito
da manhã e as oito da noite, as cabeças enchem-se de eco e cada
um faz o que sabe fazer."

Nuno Camarneiro

 

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Mantra

"Life's a piece of shit
When you look at it
Life's a laugh and death's a joke, it's true.
You'll see it's all a show
Keep 'em laughing as you go
Just remember that the last laugh is on you."



 


No meu peito não cabem pássaros

"Viver num sítio é ser esse sítio, emprestar-lhe uma alma e receber outra em troca. As biografias deviam ordenar-se por lugares, e não por datas. Nesta rua fui assim, numa outra fui diverso. Ninguém sabe descrever uma cidade, são as cidades que nos escrevem a nós."

Nuno Camarneiro

 

domingo, dezembro 01, 2013

Ode

Sexta-feira a meio da tarde. Café Alentejano. Um café onde não há televisão. Não há noticiários deprimentes nem reality shows boçais e desinteressantes. Um café onde também não há rádio. Não há blocos de publicidade intermináveis nem músicas irritantes repetidas ad nauseam. Não, neste café apenas se ouvem as vozes e palavras das pessoas sentadas nas mesas e das pessoas atrás do balcão. Pessoas que se cumprimentam e sorriem. Vozes que comentam as últimas novidades de uma cidade do tamanho de uma noz. Conversas em voz alta que trazem um sorriso mesmo ao mais empedernido daqueles que se escondem atrás de um jornal ou de um livro. Murmúrios inaudíveis quando a conversa é mais séria e apenas interessa às cabeças daqueles que falam. Um após outro cliente que se dirigem ao balcão com a esperança de uma raspadinha premiada ou de um jogo onde a sorte caia para o seu lado. Sempre, em todas as vezes, um desejo de boa fortuna da senhora que recebe o dinheiro de não sei quantas ilusões em forma de gente. Um empregado que nos entretantos também canta um ou outro verso, de canções da sua infância, que canta quando parece que ninguém está a olhar, palavras cantadas são sempre mais bonitas. Tudo isto se ouve no Café Alentejano. Mas também se ouve o silêncio, todos os silêncios que já se tornam raros hoje. O silêncio de quando ninguém entra no café durante largos minutos, o rendimento do dia já ficou feito de manhã, com os pequenos-almoços. O silêncio do empregado que abraça alguém que entra, vindo da igreja onde jaz o corpo de um familiar que não mais entrará no café. O silêncio de alguém que acena do outro lado do vidro enquanto passa apressado. O silêncio de um dia que caminha para o seu fim enquanto os céus ficam tingidos de vermelho. O silêncio de um cliente que se queixa dos seus ossos, velhos e cansados. No Café Alentejano o silêncio não importuna ninguém e ninguém o teme. Sabemos que haverá sempre uma voz que entra por ali adentro e o envia para o canto mais escuro do Café. Haverá sempre um riso pronto a enfrentá-lo e um olhar triste pronto a acolhê-lo. Assim se vive no Café Alentejano. Vidas à solta.