domingo, agosto 26, 2012

Passeio

Hoje caminhei, caminhei e caminhei. E ao longo dos meus passos, tive a estranha sensação que caminhavas ao meu lado, reavivando todas as caminhadas que fizémos juntos, desde os tempos em que eu corria atrás de ti até aos tempos em que te dava o meu braço para te apoiares. E assim caminhei com um sorriso e com o sol a bater-me na cara e com o sentimento de que a minha homenagem matinal falhada ficou plenamente conseguida com a vespertina que passámos juntos. Pelo menos nas nossas almas.




 


sexta-feira, agosto 24, 2012

sexta-feira, agosto 17, 2012

Cinco dias

Nunca é tempo suficiente. Fica sempre algo por dizer, por fazer, por pensar, por sonhar. Quando o tempo se esgota, olha-se para trás e fica-se sempre com a amarga desconfiança que o tempo passou demasiado depressa. Que toda a mistura de memórias felizes eternamente guardadas nos recantos da alma com todas as lágrimas que se vai derramando escondidos da multidão deixa sempre uma névoa sobre nós. Os reencontros, as cumplicidades, as mesas cheias de caras risonhas, tudo isso não tem preço e faz com que o mundo seja a nossa ostra. Esses momentos já ninguém me tira, e felizmente preencheram tantas horas que quase parecia que tinha recuado no tempo, até aos dias em que as férias duravam e duravam. Tantos abraços, tantos beijos, tantos olhos a brilhar na minha frente, tanta história que atravessa quase trinta e seis anos de vida "conjugal". Como é que se explicam tantas e tantas afinidades? Como é que se explica que se dobre uma esquina quase a correr para esconder as lágrimas de alguém que chora já uma despedida que nunca se sabe se será a última? Como é que se explica que perante pessoas que sempre conhecemos de outra maneira, tenhamos que manter um débil sorriso e pensar que o dia de amanhã vai trazer melhoras? Se calhar não se explica. Se calhar só o nosso coração percebe o porquê de amarmos todas estas pessoas. E depois há toda aquela terra. Uma terra que noutros tempos conhecemos tão bem e que agora apenas conhecemos a sua geografia física. Que sentimos um peso no peito quando entramos no jardim das tabuletas e de quase todos os cantos sentimos os olhos de tantas e tantas pessoas que nos conheceram, que nos amaram. É o local mais triste que conheço hoje em dia. Mas depois basta passar o portão, descer uns quantos metros de pedras calcetadas e entrar numa casa construída com suor e traballho, ver as uvas a pintar, sentir o cheiro dos grelhados, e ter um encontro imediato com o sagrado coração, versão tresloucada e ovelha negra da família. E tudo está bem, mesmo do outro lado da encosta onde sabemos que sim está bem, que sim tem imensas saudades de nós, e que sim os nossos encontros serão a partir de agora um enorme turbilhão de emoções que iremos guardar dentro de nós até ao final dos nossos dias. Que esse dia esteja bem longe é que o desejo mais.



segunda-feira, agosto 06, 2012

Verão alentejano

Nunca me canso de chegar a casa do trabalho e ficar sentado a olhar para os céus enquanto o sol se vai pondo por trás do Monte da Penha. Digamos que é o meu momento zen do dia e que apenas peca por ser muito rápido. Ainda assim, há sempre o instantâneo para a posteridade. Para mais tarde recordar mas sem interpretações de me querer ir embora. Ainda há tempo...



domingo, agosto 05, 2012

Obrigado...

... à Radar. Por me lembrar que houve um dia onde saí das aulas à pressa, sempre com medo de perder o dinheiro que tinha no bolso, e que corri em direcção à loja de discos mais próxima onde, depois de meses à espera, pude comprar aquele quadrado de cartão que continha o vinil mais desejado desse ano. Good times...








sexta-feira, agosto 03, 2012

Fenómenos

Há amizades que nos marcam. Que nós marcamos. E que, felizmente, temos uma vida inteira para apreciar, para fortalecer, e para diariamente nos lembrarmos que as afinidades do coração estão aí, quase sempre ao virar da esquina e quase sempre prontas a nos surpreender e nos agarrar pelos colarinhos. Parabéns grandes, minha querida amiga.


 


quinta-feira, agosto 02, 2012

i'm not there

"É impressionante como passas ao lado da vida. Sempre distraído com alguma coisa, sempre a pensar na morte da bezerra. Porque não te viras para a frente e agarras a coisa pelos cornos? Pensas que vai ser sempre assim, sonhos acordados com uma paisagem bonita em fundo? Desengana-te, meu amigo, ainda vais ter de pisar muito carvão em brasa até chegares ao teu destino. E mesmo aí duvido que realmente ganhes juízo, não passas de um pobre sonhador, sempre a imaginar o que poderia ter sido ou o que ainda pode acontecer, quando na verdade deixas escapar o presente nas areias em fuga de uma mera ampulheta. Vá, diz lá que não tenho razão, diz lá que sou só basófia e garganta. Ainda vai chegar o dia, e não deve estar longe, em que vais dar o braço a torcer e afirmar, com todas as letras, que eu é que tenho razão e que começaste a procurar a vida, a real vida, demasiado tarde. E depois quem é que te vai amparar?Não contes com a minha ajuda, meu pateta, tenho mais que fazer, ainda tenho de passar hoje nas finanças para entregar o IRS em atraso..."



(Foto tirada por um desaparecido em combate.)

(a dobrar)



quarta-feira, agosto 01, 2012

A pessoa que éramos

"As histórias de amor são assim, derradeiras, socos no estômago e, mais tarde, na memória. Mais do que nas fotografias que são tão cruas, tão ausentes de tudo o que se viveu, porque não passam de imagens de algo ou de alguém que já não amamos, as músicas lembram-nos aquilo que vivemos, que sentimos e acima de tudo, a pessoa que éramos, que fomos, que destruimos, uma faísca que ardeu e se perdeu.


A história reescreve-se sempre, por outras palavras, com novas memórias, com outra pessoa, mas a música traz-nos de volta tudo o que fomos e todas as sensações de um momento único na nossa vida."

(Minha querida amiga, nunca me canso das tuas palavras e já não tenho conta das vezes que me conseguiste deixar sem fôlego literário. Gostava que escrevesses mais. Considera isso como a minha prenda para este ano. :)


Os teclados

"Tudo é o que tem de ser, vá lá a gente saber por que se morre."


Teolinda Gersão