sexta-feira, maio 30, 2008

Terra de gelo - IV

"Many young Reykjavík-dwellers bitch that there's nothing for them in Iceland: the country's too small, they've tried everything there is to try, the only option is to emigrate. Don't be fooled - their feet may be itchy, but their hearts are full of righteous pride for this lovely land. It's no coincidence that Icelandair whishes a heartfelt «Welcome home!» to its passengers when the plane touches down at Keflavík."

Terra de gelo - III

"Despite this, Iceland is one of Europe's most developed countries with extremely high literacy levels, consistently high standards of living, one of the highest levels of computer and mobile phone use in Europe, and an increasingly wealthy elite. State education and health-care facilities are so good that there is no demand for private facilities, crime levels are extremely low, life expectancy is high, and Icelanders consistently rate as one of the happiest nationalities on earth."

Luz

Sinto a falta de alguma coisa. Às vezes fico sem saber de que é que realmente se trata mas, depois, por breves instantes recordo-me e fico preocupado porque é que ainda não se encontra no sítio do costume. Já estou como a menina dos caracois, com a diferença que ainda não passei pelas escandinávias, coisa que será solucionada muito em breve. Talvez nessa altura a entenda a fundo, ou não. Até lá resta-me esperar que o nosso amigo comece a aparecer mais vezes. Nem que seja para me cumprimentar através de uma clarabóia, enquanto vou vendo os números a passarem à minha frente, qual mantra financeiro-desnecessário... Acho que estou a precisar de mais vitamina C na minha dieta... Ou possivelmente, e mais correctamente, de mais um jarro de sangria da Tia Adélia...

quinta-feira, maio 29, 2008

Terra de gelo - II

"Meanwhile, the volcano Hekla erupted three times, covering a third of the country in ash; a mini-ice age followed, and severe winters wiped out livestock and crops. The Black Death soon arrived, killing half the population, and the once indomitable spirit of the people seemed broken."

terça-feira, maio 27, 2008

Ainda a Voz

Ontem foi uma noite de blues.
Blues lindíssimos, frágeis e imaculados. E de encarnações várias, de Aretha a Jagger, de Frank a Billie, passando por Dylan, mas sempre, sempre com a voz de Chan, penetrante e imparável.
Uma noite para recordar, em sonhos. Porque o poder da gata® é grande, enorme.

Don't Explain
A Woman Left Lonely
Silver Stallion
New york
Lost Someone
Dreams
Lord Help the Poor and Needy
Dark End of the Street
She's Got You
Metal Heart
Making Believe
Hey Aretha
Ramblin' (Wo)man
Blue
Where Is My Love
The Moon
The Greatest
Lived in Bars
Life of the Party
Could We
Satisfaction
Black Angels (Angelitos Negros)
I've Been Loving You Too Long (To Stop Now)



A Voz

Estou amaldicionado. É uma condenação dura mas que vou tentar aguentar com todo o brio e coragem. Sim, é bem verdade, estou preparado para nas próximas noites sonhar com uma voz penetrante e que atravessa o meu coração. Vão ser muitos sonhos, mas estou preparado, pois a voz estará sempre lá, ao meu lado...

domingo, maio 25, 2008

Merdas


Algures, e por mero acaso, ali para os lados das Galveias...
De certa forma, e depois de olhar para isto com mais atenção, acaba por ser uma óptima versão ilustrada daquilo que muitas vezes sai das teclas deste computador...

sexta-feira, maio 23, 2008

Sondagem Cinzenta - IX


Tenho leitores muito apaixonados, o que só pode ser algo de bom. E eu que já não me lembro em qual das opções votei. De qualquer forma, obrigado pela vossa participação e espero que considerem o texto imediatamente por baixo como a resposta a esta sondagem. E agora vou ser preguiçoso e ceder à facilidade...

Negativo


Ela tirou mais uma fotografia. Sentiu a necessidade de não virar as costas ao seu vício. Sabia que aquela fotografia iria apenas levá-la a tirar outra, e mais outra ainda, e continuaria a fazê-lo até o cartão da memória ficar cheio. Não conseguia parar. Aliás, se algum dia o tentasse, seria um pouco como tentar parar de respirar. Quem é que conseguia fazer isso? O único resultado seria, após alguns segundos, um inspirar profundo de largas golfadas de ar ou, no seu caso, um disparar ininterrupto da objectiva, captando todos os milímetros à sua volta. E nem se podia dizer que fosse uma coisa de turista, pois a máquina andava consigo todos os dias, para todo o lado, e raramente havia um dia do seu quotidiano em que não tirasse pelo menos algumas dezenas (ou centenas) de fotografias, que acabavam por se acumular em pastas e mais pastas nas entranhas do seu laptop. Os seus dias não eram vividos para a fotografia, mas quase. Não conseguia explicar o porquê deste hábito (ou vício, ou neurose, ou o que lhe queiram chamar), e de algum modo já se tinha acostumado aos olhares de lado, aos comentários jocosos e até mesmo às atitudes recriminatórias daqueles que se diziam seus amigos. Ela permanecia calada e tentava lembrar-se de quando tinha passado a tirar fotografias como quem come, ou bebe, ou dorme. Sempre tinha gostado daquele segundo em que um momento da nossa vida fica preso no tempo, fixo e imutável, recordado para sempre ou esquecido e esquecível numa gaveta qualquer. Mas lembrava-se do evento que a tinha feito cair neste mundo interminável de flashes. Lembrava-se que no ínicio ele não passava de uma paixoneta de escritório. O mesmo que tinham sido um professor seu da faculdade ou mesmo um acólito da paróquia que chegou a frequentar. A coisa apenas mudou quando descobriu que havia um sentimento mútuo, que ele também gostava dela. E aí voltou a sentir amor e, principalmente, a sentir-se amada. Era um amor fora de horas de expediente, sem as amarras de um escritório que não era muito permissivo a relações entre os seus ocupantes. E assim, durante o dia, tinham de contentar-se com os seus olhares e apenas através deles falavam um com o outro. Logo que se viam longe dali, abraçavam-se e beijavam-se como se se tivessem passado séculos sem sentirem o corpo um do outro. Era um amor recheado de momentos únicos, tal era a intensidade com que os viviam. E tudo se desencadeou quando ele começou a documentar os seus dias com a máquina fotográfica do seu telemóvel. E ela começou a ficar assombrada com aquelas fotografias captadas nos momentos certos, mas ao mesmo tempo já perdidos no passado. E começou a ver a fotografia como a ferramenta necessária para guardá-los no presente, ao seu lado. E passou ela a tirar fotografias com ele, por onde quer que passassem, querendo a todos os segundos guardar a beleza pura que via em tudo, quando estava com ele. O passo seguinte era óbvio. A beleza das fotografias que ela tirava apoderou-se de tal forma dela que, fora da sua relação, a beleza das outras coisas minúsculas que a rodeavam também a hipnotizava e daí à máquina passar a fazer parte dela, o tempo passou num piscar de olhos. O ímpeto da objectiva seguia-a para todo o lado e ela não lhe resistia. Lembrava-se das fotografias das suas viagens com ele, a sítios familiares e a locais remotos e desconhecidos. Lembrava-se das fotografias das ruas, dos prédios, das árvores que passavam por ela, todos os dias, no caminho para o escritório. Lembrava-se das fotos deles os dois, nus, nos braços um do outro, olhos nos olhos, enquanto o temporizador ia chegando ao fim. Lembrava-se do sol, da lua, das estrelas, das luzes dos candeeiros, de uma flor, de uma pedra, de todas as pequenas coisas que a levavam às lágrimas perante tamanha fragilidade, enquando o flash disparava uma e outra vez. Mas parecia que algo tinha desaparecido. Perante tantos e tantos instântaneos de pura magia, ela começou a constatar que o seu coração se ia esvaziando, que o amor que até há pouco tempo se tinha apoderado dele começava a fugir-lhe implacavelmente. Ele parecia-lhe agora um estranho e ela, aos olhos dele, parecia nunca ter existido na sua vida. Tinham-se tornado desfocados e já não era nítido o amor que os tinha unido. Na verdade, esse amor nunca tinha passado de uma polaroide magnífica que o tempo, contudo, foi desbotando até não se perceber nada mais a não ser um borrão. Ele saiu da vida dela, e ela refugiou-se na única coisa que lhe dava prazer e que nada lhe negava. Comprou uma digital de última geração, inúmeros cartões de memória e prosseguiu a sua vida, ou o que restava dela, de máquina em punho, fotografia após fotografia. Mas, de vez em quando, naquelas alturas em que a solidão se torna insuportável e parece que as paredes da sua casa se vão fechar sobre ela, nessas altura, ela volta-se para as fotos mais antigas, para as memórias que ficaram do rosto dele, junto do dela. Mas por muito que ela deseje, nada daquele pedacinho de papel mate vai voltar ao presente, e tudo aquilo apenas se torna numa recordação envenenada, que apenas consegue com que as lágrimas dela, uma a uma, apareçam na sua face, enquando o temporizador vai fazendo o seu papel. Tirando fotografias, uma após outra.

(Foto tirada pela Gurua Espiritual, e editada por mim)


quinta-feira, maio 22, 2008

Terra de gelo

"The first written evidence of this comes from the Irish monk Dicuil, who wrote in 852 of a land where there was no daylight in winter, but on summer nights 'whatever task a man wishes to perform, even picking lice from his shirt, he can manage as well as in clear daylight'. This almost certainly describes Iceland and its midnight sun."

Tempo cinzento

Há sítios que nos inspiram. Pelos quais não esperamos, mas temos esperança. Deve ser por isso que existem os blocos de apontamentos, recheados de escritos, meios-escritos, anotações, números de telefone, listas de compras, horários de aviões, itinerários feitos e desfeitos, riscos e rabiscos. Sempre à espera do momento em que algo surge, vindo do nada, e é emoldurado sob a forma de palavras, nem sempre muito claras, mas sempre com o significado que queremos dar-lhes. E é por isso que é bom haver lugares como este. Mesmo sem a mulher mais bonita de Lisboa, que devia estar de folga. E mesmo sem um autógrafo ou uma canção deste senhor. Aproveite-se a companhia de amigos e a viagem de regresso a casa.

terça-feira, maio 20, 2008

segunda-feira, maio 19, 2008

Reciclagem

Entrou acabado, sujo e vazio. Era a sua última viagem, dali já não haveria saída. Pelo menos não com a forma que ainda tinha hoje. Aquela seria apenas uma recordação, daí a algumas horas. Mas será que ele se iria lembrar, perguntava-se. Ou tudo não passaria de uma espécie de reencarnação, sem memória das vidas anteriores. Era uma pergunta que rondava os recantos da sua mente, sem resposta possível. Não sabia o que iria acontecer-lhe uma vez chegado ao fundo do túnel. Não haveria uma luz incandeante mas sim chamas, chamas purificadoras, que lhe dariam uma nova forma, uma nova utilização, um novo começo, como ele preferia pensar. Nada seria o mesmo a partir daquele momento. A sua vida iria perder o significado. A sua morte nem sequer ganharia qualquer significado. Algures pelo meio esperava que algo sobrevivesse. Uma pequena réstia do que tinha sido. Mais não fosse, pelo menos uma imagem, uma fotografia do que tinha visto, ouvido, saboreado, cheirado, manuseado. Concentrou-se naquilo que mais de sagrado tinha gravado no seu coração. À medida que a viagem chegava ao fim e sentia o calor a aproximar-se, fechou os olhos e ali estavam, tão nítidos como no primeiro dia em que os tinha beijado. Os lábios dela. Os lindos lábios dela. E assim prosseguiu, em direcção ao seu novo formato, sem nunca esquecer os lábios daquela que já não podia beijar.

sábado, maio 17, 2008

Segundos

O tempo pára para tudo e todos menos para mim. Eu continuo a mover-me num mundo sem movimento onde tudo se encontra à minha disposição para aquilo que eu quiser fazer. Um infindável número de possibilidades se oferecem à minha vontade. Posso entrar onde quiser, ver quem quiser, beber o que quiser, beijar quem quiser, tudo sem me verem ou sentirem a minha presença. Invísivel, preso entre um segundo e o seguinte. O que é que eu faço? Sorrio, e penso exactamente naquilo que sei faria, sem qualquer dúvida na minha mente. E depois faria como o Ben, estalava os dedos, deixava o tempo voltar a rodar, e voltava à minha masmorra de corredores e prateleiras e armazéns...

Filme simpático, muito simpático. Muitos risos, indiscretos e estridentes, e sobretudo um amor bonito, sem pretensões, sem dramas grandiloquentes, enfim, um pequenino fragmento de película para nos deixar com a disposição ideal para o fim-de-semana. O Wong Kar-Wai vai ter de ficar para outro dia...

"Once upon a time, I wanted to know what love was. Love is there if you want it to be. You just have to see that it's wrapped in beauty and hidden away in between the seconds of your life. If you don't stop for a minute, you might miss it."




quarta-feira, maio 14, 2008

Aviso à navegação


Aqui, precisamente aqui, bebe-se a melhor sangria que alguma vez existiu, desde que o mundo é mundo. E como os melhores segredos só se revelam a quem os merece, a minha caixa de correio está à vossa disposição.

domingo, maio 11, 2008

Maestro

O futebol é o circo romano dos dias modernos? Sim, é uma das respostas que podemos dar e, atendendo às notícias que o futebol português tem gerado ultimamente, seria provavelmente a mais correcta. No futebol podemos encontrar de tudo, mesmo o pior que podemos encontrar no ser humano. Mas, por vezes, o futebol também pode gerar pequenos momentos de felicidade espontânea e genuina. E tudo numa questão de segundos. Isto a propósito daquele que considero ter sido o momento mais feliz que alguma vez vivi num estádio de futebol. 15 de Novembro de 1995, Estádio da Luz. Portugal defronta a República da Irlanda e em causa está o apuramento para o Campeonato Europeu de Futebol 1996, em Inglaterra. O bilhete, comprado na secretaria de uma universidade, custou 500$. Durante todo o jogo cai um autêntico dilúvio dos céus, estou encharcado até ao ossos, na companhia de dois dos meus melhores amigos. E então eis que surge um momento inesquecível no relvado, um momento de pura magia futebolística, que nos faz esquecer a corrupção dos árbitros, os maus dirigentes, os ordenados escandalosamente obscenos, tudo fica esquecido. Num único momento de mestria do maestro, tudo fica esquecido, e é altura de celebrar e festejar um momento a que assistimos aos vivo e que vamos lembrar até ao final dos nossos dias...




Obrigado, maestro. Cresci a ver-te jogar e vou ter muitas saudades das tuas correrias, dos teus passes de génio, dos teus golos maravilhosos. Tudo de bom para ti, meu caro.



quarta-feira, maio 07, 2008

Ontem


um, dois
um, dois
um, dois
um, dois

mantém o ritmo!
um, dois
um, dois
um, dois
um, dois
segue!
'bora

'bora
'bora

'bora
olha a cadência!
um, dois
um, dois
um, dois
um, dois
ouve o ritmo!
um, dois

um, dois
um, dois
um, dois
mais rápidoooooooooooo!!!!!

E depois chega-se a casa e encontra-se algo do qual as saudades já eram mais que muitas. Obrigado, dona Adelaide, é mesmo bom ser seu neto.