sexta-feira, junho 29, 2007

Silêncio

substantivo masculino

1. estado de uma pessoa que cessou ou se abstém de falar ou de produzir qualquer som;
2. ausência de ruído;
3. sossego; calma;
4. descanso;
5. sigilo; segredo;
6. interrupção do discurso;
7. omissão;
8. interrupção de correspondência.

(in Infopédia)




Mouche

Um dia que eu deixe de escrever o que quer que seja, gostava de poder dizer que a causa simplesmente se deveu a "an irreversible aesthetic vasectomy".


domingo, junho 24, 2007

Descanso vespertino

O dia começou cedo, demasiado cedo. E só por isso a tarde prometia estar numa almofada. O que vale é que o telemóvel deixou de sofrer a maleita da bateria. E só por isso foi possível passar uma tarde com um verdadeiro nadador-mergulhador. Com um sorriso nos lábios...

Calor humano

Gosto dos meus amigos como eles são. Quem me diz a mim que eles fariam parte da minha vida se não fosse assim? Defeitos, qualidades, idiossincracias todos temos, quem somos nós para apontar o dedo a quem quer que seja? A sobranceria sempre foi uma coisa que me meteu impressão, e nunca lidei muito bem com pessoas que a praticassem. Isto tudo só para saudar um grande amigo, um amigo de viagem, um amigo de conversas, enfim, tu sabes quem és e eu agradeço-te por seres assim.

sexta-feira, junho 22, 2007

Everyman

"Why must he mistrust his life just when he was more its master than he'd been in years? Why should he imagine himself on the edge of extinction when calm, straightforward thinking told him that there was so much more solid life to come? Yet it happened every night during their seaside walk beneath the stars. He was not flamboyant or deformed or extreme in any way, so why then, at his age, should he be haunted by thoughts of dying? He was reasonable and kindly, an amicable, moderate, industrious man, as everyone who knew him well would probably agree, except, of course, for the wife and two boys whose household he'd left and who, understandably, could not equate reasonableness and kindliness with his finally giving up on a failed marriage and looking elsewhere for the intimacy with a woman that he craved."

Philip Roth



Chain-blog 2.0

O que é para ti um MAU filme?

Há maus filmes dentro de todos os géneros, o que significa que há grandes probabilidade de na maior parte das vezes apanharmos um mau filme pela frente. Hoje em dia, para mim, um mau filme está normalmente associado a uma má história, mal contada, mal interpretada e completamente vazia de conteúdo. É claro que mesmo vazios de conteúdo, há filmes que se "deixam" ver, especialmente naqueles momentos em que não nos apetece pensar muito.

Remakes ou sequelas: Havendo apenas estas duas escolhas sem opção de recusa, qual assistirias?

Sem opção de recusa, e na teoria, escolheria um remake. Gosto sempre de espreitar um diferente ponto de vista para uma história que já conheço. E até porque as sequelas costumam ter um prazo de validade muito curto e ao fim de algum tempo todas elas se tornam cansativas e previsíveis. Eu sei, estou a generalizar...

Que tipo de filme português gostarias de ir ver ao cinema?

A questão do financiamento, como o Ricardo mencionou, é de facto importante. E passa por aí haver um desenvolvimento do cinema português enquanto indústria, até porque nos tempos recentes já ficou mais que provado que há apetência do público para o cinema feito por cá. Em termos de estilo, gostava de ver um filme onde pudéssemos ver uma Lisboa futurista...

Que cliché cinematográfico já não tens pachorra para ver novamente?

Gosto especialmente daquele em que os "maus" secundários morrem sempre à primeira bala enquanto o "bom" leva tiros, cortes de faca, explosões a cinco milímetros de distância e mesmo assim sobrevive a tudo. É um clássico.

Qual o teu fan video preferido?

Não será o preferido mas aqui há uns tempos vi um, português, a gozar com o Senhor dos Anéis... simples e engraçado...

A quem desafias este questionário?

Pode ser o Suburbano, o Estações Diferentes e o Flores de Inverno (que a partir deste momento já me devem estar a rogar pragas...)

(em resposta ao Ricardo)

Chain-blog 1.0

Eu quero: ser feliz...
Eu tenho: uns cinco livros para ler, em cima da mesa de cabeceira...
Eu acho: que o ser humano estava melhor pendurado numa árvore...
Eu odeio: hipocrisia...
Eu sinto saudades: das rugas da minha bisavó...
Eu escuto: demasiada música...
Eu cheiro: o bacalhau à brás da minha mãe à distância...
Eu imploro: que haja mais actos altruistas à minha volta...
Eu procuro: ultrapassar os obstáculos que colocam à minha frente...
Eu arrependo-me: facilmente de me chatear com alguém que realmente gosto...
Eu amo: incondicionalmente...
Eu sinto dor: cada vez que vejo as notícias...
Eu sinto falta: de ter mais tempo para estar com aqueles que amo...
Eu importo-me: com o estado de espírito dos meus amigos...
Eu sempre: fui benfiquista...
Eu não fico: bem-disposto se estiver a chover a potes...
Eu acredito: que ainda há tempo, para tudo...
Eu danço: mesmo não sabendo como...
Eu canto: qualquer coisa que se aloje na minha cabeça...
Eu choro: quando me lembro das pessoas que já não posso abraçar...
Eu falho: nas horas...
Eu luto: contra a falta de profissionalismo que tenho de aturar alguns dias...
Eu escrevo: hoje mais, mas mesmo assim sem grande convicção...
Eu ganho: de cada vez que alguém me diz que gosta do que escrevo por aqui...
Eu perco: os cabelos, aos poucos...
Eu nunca: quero voltar atrás no tempo...
Eu confundo-me: com o que significa amar alguém...
Eu estou: sentado...
Eu sou: normalmente simpático...
Eu fico feliz: se puder ajudar alguém...
Eu tenho esperança: de um dia conhecer o meu "afilhado"...
Eu preciso: de uma mudança...
Eu deveria: fazer mais por essa mudança...

(em resposta ao Padeiro de Serviço)

quarta-feira, junho 20, 2007

Momentos - IV


(Clicar na imagem)


Mais um momento de memória cinéfila, cortesia do Ricardo.

sábado, junho 16, 2007

Dias de chuva

A propósito disto,

"Este post veio de encontro a uma das ideias que ainda ontem me passava pela cabeça, ao lembrar as tristezas das nossas vidinhas sempre iguais, sempre diferentes, sempre ausentes de conteúdo - para quem procura sempre mais do que lhe é dado.

Faço-me entender?
Talvez não.

Entendo cada uma destas tuas linhas como algo que vive cá dentro, e acredita que não são as tais horas felizes que nos resgatam de toda esta maré de pensamentos menos alegres, e se calhar, arrisco a dizer, insatisfeitos... é um tema de conversa que tenho frequentemente com poucos, muito poucos, com os tais Beautiful Losers... quem? As minhas personagens tristes, todas aquelas que vivem cá dentro e respiram tristeza a rodos, não porque queira, não porque o deseje, não porque seja masoquista ou goste de cultivar a tristeza e seus quejandos... mas porque não há alternativa senão a de constatar tudo o que se passa no Mundo e o quão efémero tudo isto é...


Pudessem as minhas mãos abraçar cada partícula de pó trazida pelo vento...! Seria mais feliz....


E nada a ver com o amor, ou com a beleza, ou com um copo de vinho... tem mesmo a ver com a essência de cada um de nós...."


E a verdade é que a tua essência não pára de me surpreender...
E não, não são palavras simples de se dizerem, mas são fáceis de se sentirem...
Espero encontrar-te por aí... nas marés...
Quem sabe a ouvir esta música?

You belong among the wild flowers...

sexta-feira, junho 15, 2007

O poder da gata ®

Porque me apeteceu.
Porque a senhora em questão acaba de ganhar um prémio totalmente merecido.
Porque fiquei hipnotisado com esta fotografia que encontrei por aqui.
Porque a voz é tudo e nos deixa a alma rendida.
Porque o Espaço fica menos cinzento com a sua presença.
Porque, porque, porque...
Porque sim e basta.




quarta-feira, junho 13, 2007

Bipolar

adjectivo 2 géneros


1.
que tem dois pólos;

2.
diz-se da célula nervosa que possui dois prolongamentos;

(De bi-+polar)

(in Infopédia)

E os ponteiros do relógio continuam a sua cavalgada, enquanto tenho de suportar o pólo negativo seguido do pólo positivo. Não há descanso para os malvados, os diabólicos, ou tão somente os portentores desse gene tão usualmente definido como os "maus-feitios". Não são permitidos passos em falso, a estadia no pedestal é infinitamente temporária, sempre à mercê do pólo que reinar nesse minuto. E assim vou ficando, ansiando pelo adeus definitivo, sempre anunciado e nunca concretizado. Irei parecer um treinador de bancada, acenando um lenço branco, e depois? A minha consciência viverá bem com esse precioso momento, o momento da mudança e, se Deus assim o quiser e mo permitir, o momento de alguma justiça, para mim e outros como eu. O momento em que veremos realmente quem é que é resistente à mudança, quem é que tem ideias préconcebidas, quem é que se revolta contra o poder instituído.

Até lá, vamos vivendo de ânsia, debaixo de céus quentes mas ainda demasiado cinzentos.

segunda-feira, junho 11, 2007

Hemorragias

Havia um problema. O problema de estar sempre a cortar-se. Quer se tratasse de um monte de papelada ou do canivete suiço com que costumava descascar a sobremesa, lá aparecia um traço de vermelho vivo nas suas delicadas mãos. Ao princípio, quando não compreendia o que se passava, ficava inquieto, corria de um lado para o outro, gritava pela mãe e pedia ao pai para ligar para o 115. Sentia a cabeça leve como uma pena, a sua pele ficava da cor da neve e o vermelho parecia ainda mais vermelho nas suas mãos. Não raras vezes acabava no chão da casa de banho, a limpar os lábios depois de ter vomitado o que quer que se encontrasse na altura no seu pequeno estômago. Foram tempos difíceis, incapaz de lidar com aquela sina que o iria acompanhar por toda uma vida. Aos poucos, foi-se conformando, criando um sentimento de quase apatia, encarando aquele aspecto da sua fisionomia como apenas mais um. Os tremores e os suores frios foram sendo substituídos por uma calma quase clínica e passou a ser o pronto-socorro de plantão de todos aqueles que o rodeavam no seu quotidiano. Os cortes nas suas mãos e nos seus dedos continuaram a ocorrer mas poucas pessoas faziam ainda caso disso. Ele seria mesmo o primeiro a dizer-lhes que aquilo era incrivelmente vulgar, dizendo-o descontraidamente enquanto estancava o sangue que teimava em aparecer, umas vezes apenas ao de leve, outras jorrando como um rio. Apesar disto, ou por causa disso mesmo, conseguiu mesmo assim encontrar o amor. Um amor envolvente e protector, sendo que nos braços dela sentia-se protegido de tudo aquilo que o marcava com cortes ensanguentados, fossem eles à superfície ou no seu interior. O vermelho do sangue corria agora com mais força para o seu coração, à medida que a sua pulsação aumentava na antecipação de estar com ela, de a beijar, de lhe tocar, de ser um com ela. E o amor que sentia era tão grande que, lentamente, a pouco e pouco, os cortes foram aparecendo de forma cada vez mais espaçada. De horas para dias, de dias para semanas, de semanas para meses. O amor cura? Parece que no seu caso não era apenas um cliché literário, retirado de um qualquer poema de um qualquer poeta pseudo-atormentado. E os seus dias passaram de vermelhos para azuis, a cor dos olhos dela. E a sua vida parecia diferente, ou melhor, parecia que ele tinha saído de uma outra vida e aberto a porta para algo de tremendamente diferente, quase uma realidade alternativa. Até um dia. Até uma fatídica tarde. Aquela tarde em que descobriu que o seu amor, a sua razão de viver, tinha preferido lançar-se nos braços de outra criatura, longe dos seus braços-livres-de-cortes. Sentiu-se vazio por dentro. Se dependesse dele, o seu coração teria parado nesse preciso momento. Assim, tentou o método mais próximo. Pegou numa faca, aproximou-a dos seus pulsos e desenhou dois cortes perfeitos sobre as suas veias. Antevendo a visão do vermelho imparável, deixou-se escorregar para o chão, encostado a uma das paredes da sua casa. Mas o sangue não aparecia. Incrédulo, olhava fixamente para os dois cortes nos seus pulsos, dos quais nem uma gota de sangue parecia sair. Que cruél partida seria aquela? Teria ele gasto todo o seu sangue durante a sua vida de cortes, uns atrás dos outros? Não sabia o que pensar, sentia-se perdido, desligado, um pequeno ponto numa existência quase perdida. Deixou-se ficar ali, no chão, de olhar perdido na outra parede, enfrentando aquele outro olhar que nunca o tinha deixado chorar, derramar lágrimas.



(Foto retirada do Bloquito)

sexta-feira, junho 08, 2007

A leste do paraíso


(Foto de PenaBranca)

Já o António dizia, "estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde não vou". E somos, muitas vezes, assim mesmo. Olhamos para o nosso "pequeno" espaço e ansiamos por estar nos antípodas. Longe de tudo o que reconhecemos como nosso e perdidos onde ninguém nos conheça. Perdidos no meio da multidão anónima. Começar do zero. Re-escrever o guião das nossas vidas. Porque nos apetece. E depois? Depois viramos a moeda e vemos o outro lado. O lado onde estamos fartos de mudanças, fartos de andar de um lado para o outro, sempre a correr, sempre com os nervos à flor da pele, sempre sem tempo. Quando a única coisa que queríamos era uma pausa, com aquela pessoa especial, naquele sítio especial, a ouvir a "nossa" música, e a beber o "nosso" copo de vinho, tudo isto a alimentar a nossa alma. Somos uns seres muito estranhos e tenho a sensação que a teoria da evolução não consegue explicar todo o intrincado labirinto que é a nossa massa cinzenta. Mas também, o que é que isso realmente me interessa? Eu, na verdade, apenas queria pegar nuns tomates maduros e arremessá-los a quem se cruzasse no meu caminho. É melhor marcar já na agenda. Para não me esquecer. Para não nos esquecermos. Tem que ser. Tem que dar. Tem que acontecer.


quarta-feira, junho 06, 2007

Timing is everything... - II

Batem leve, levemente
Como quem chama por mim
Será chuva, será gente
Gente não é certamente
E a chuva não bate assim.

Fui ver,
Era um anúncio da Imodium à hora do jantar...

(Open up your life??? Are you fuckin' kiddin' me???)


segunda-feira, junho 04, 2007

Ondas Sonoras - XXVIII

O telemóvel novo chegou hoje. Veio pela manhã, entregue ao domicílio.
Acabaram-se as reclamações de amigos e familiares, acabaram-se as conversas que ficavam a meio e acabaram-se os ataques de fúria com que muitas vezes estive quase a estilhaçar o anterior bicho.
Mas o melhor de tudo, é descobrir o maravilhoso mundo dos uploads de mp3, directamente do computador para o telemóvel. E só por isso valeu a pena a compra. E como o Verão anda cada vez mais aí pelas esquinas, o meu toque oficial para a temporada vai mesmo ser este aqui de baixo. Porque é uma grande banda mas principalmente porque é uma grande canção.




domingo, junho 03, 2007

Fuga

Era uma vez um talão da emel perdido no meio da mais variada papelada no tablier do meu carro.
Era uma vez um domingo cheio de sol, a pedir um passeio pela marginal.
Um dia quente, com muita luz a bater nas lentes dos óculos escuros, por trás dos quais se escondem olhos cansados e perdidos.
No rádio vai passando a música do Ben mais as suas doenças.
Música ensolarada, o pano de fundo perfeito para um dia como este, de vidro aberto, com a brisa marítima na cara.
Subitamente, o talão apercebe-se do vidro aberto e lança-se para a liberdade.
Apenas consigo ver uma mancha branca a passar à frente dos meus olhos e a escapar pela nesga de abertura do vidro.
Lanço um olhar para o retrovisor.
Ainda consigo ver o talão a saltitar no asfalto, dirigindo-se lentamente para o ondular das ondas.
Á minha frente, a marginal continua e a música também.
Espero que ele seja feliz.

"My head is a box filled with nothing
and that's the way I like it"